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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Quando o chefe passa dos limites...

Acho que o problema do chefe autoritário é uma constante nos ambientes corporativos. Em qualquer local que se leia sobre assuntos corporativos, lá ele, o chefão, marcando presença.
O gerente dominador é, com certeza um profissional mal preparado para exercer a função. Líder? Nunca será, enquanto não perder esse verniz escuro do despostismo. Na verdade quem exerce o poder da autoridade é porque já perdeu o poder da liderança.
Um líder jamais usa a força do seu cargo para justificar o controle sobre seu pessoal. O comando que exerce, emana da sua história, conhecimento, experiência e dos valores morais e éticos que cultiva. Jamais se apoiará na autoridade. Por consequência, quando você se deparar com um chefe que abuse da autoridade do cargo, observe-o, porque ele está apenas com mêdo.
Já tenho muitos anos de prática nesse jogo para afirmar que os gestos e atitudes autoritárias nada mais são que um tosco escudo dos incompetentes para liderar. Não quis dizer incapaz tecnicamente, mas um inapto para liderar.
O artigo abaixo procurar debater o tema e dar algumas dicas para enfrentar as - sempre estressantes - diatribes de um chefe dominador e impositivo.
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Quando o chefe passa dos limites
por
Viviane Macedo
(clique sobre a imagem para conhecer sua origem).
Que não há empresa perfeita, todo mundo já sabe. Mas quando um profissional entra numa organização, o mínimo que ele espera é ser tratado com respeito, profissionalismo e ética. De fato, em muitas delas esses valores são levados rigidamente a sério. Em outras, nem tanto. E neste segundo caso, quem está no poder usa a autoridade de forma negativa, muitas vezes passando dos limites.
Esse tipo de assédio, diferente do que muita gente pensa, não é exclusividade de pequenas e médias empresas. Luciana, que prefere não ser identificada com seu nome verdadeiro, é uma prova de que grandes corporações também são palcos para falta de maturidade e profissionalismo. Ela trabalhou mais de dois anos numa instituição financeira internacional e passou poucas e boas com a chefia. "Em momentos de estresse, além dos gritos, ouvíamos também xingamentos como: 'Como você é burro!', 'Você não pensa?' ou 'Sai daqui agora, não quero ouvir mais nada!'", conta a publicitária, que diz que não existia momento e nem local especifico para esse tipo de atitude por parte dos chefes. "Isso acontecia na frente de quem fosse - de outros colegas ou mesmo de fornecedores", lembra.
O tratamento, um tanto quanto desconfortável, fazia parte da rotina e não era uma antipatia com Luciana apenas - todos os outros funcionários sofriam com as mesmas ofensas e tinham queixas idênticas. "Quatro pessoas da minha equipe saíram por não estarem agüentando mais o ritmo de gritos, confusões e falta de oportunidade de crescimento", afirma. Ela conta que, além do tratamento explosivo e desrespeitoso dos chefes, existiam poucas possibilidades de crescimento, pois, segundo ela, inseguros, os gestores não deixavam que o trabalho dos funcionários fosse visto pelos superiores. "Eles não sabiam lidar com novas idéias, com uma forma diferente de desenvolver os projetos. A cada nova sugestão, ouvíamos: 'ai, que droga! Já te disse pra fazer igual ao ano passado'...", diz.
Com o tempo, Luciana foi se adaptando à situação e aprendeu a viver com a personalidade dos chefes. "Deixei de dar importância à falta de tato, aos berros. Passei a conversar apenas o necessário com eles e trabalhar esperando um reconhecimento externo - do mercado, de fornecedores, de gerentes e diretores de outras áreas. Tudo menos deles, pois sabia que não teria mesmo", conta.
Hoje, fora desse ambiente hostil e já num novo emprego, ela vive naturalmente mais calma, tem uma rotina de trabalho completamente diferente e não tem dúvidas de que o bom relacionamento com os superiores muda a dinâmica e o desenvolvimento do trabalho. "Já tinha trabalhado em outras empresas onde o clima e o relacionamento eram bons, e agora voltei a viver isso. Acho que uma boa relação subordinado-chefe fica mais transparente e ajuda o dia-a-dia a ser mais fácil. As idéias fluem melhor e com o feedback de um bom gestor o profissional pode contribuir para o desenvolvimento da empresa e para o seu próprio desenvolvimento", opina.
Como reagir a uma situação como essa?
Luciana, mesmo não concordando com a situação, tentou manter a calma e em poucos momentos bateu de frente com a chefia. Esperou o momento certo e, com outro emprego em vista, deixou a empresa. Mas nem todo mundo consegue agir com tamanha frieza e cálculo - muitos acabam agindo precipitadamente e nem sempre são bem-sucedidos nessas atitudes. Para Jerônimo Mendes, consultor e escritor do livro "Oh, Mundo Cãoporativo! – Lições e Reflexões" (Editora Qualitymark), o primeiro a fazer é ter calma, não agir por impulso. "Num primeiro momento, o melhor mesmo é ser calmo. Não revide, absorva o impacto, espere os ânimos esfriarem para, aí sim, tomar uma atitude", aconselha.
Mas calar-se não vai resolver e nem cessar a situação indesejada no relacionamento com o chefe. Mendes afirma que se a transparência existe de cima para baixo, ela também precisa existir de baixo para cima. "A única maneira de acabarmos com esse círculo, onde só quem está em cima fala e quem está embaixo obedece, é enfrentando a situação de igual para igual. É com base na transparência, no diálogo, colocando em cima da mesa que a situação está desagradável. É preciso existir esse feedback invertido também", observa.
O consultor empresarial Sebastião de Oliveira Campos compartilha da opinião de Mendes. Para ele, o profissional tem uma participação muito grande no que acontece entre ele e o chefe. "No processo de seleção, você já começa a perceber o chefe. Se ele tem uma postura extremamente agressiva durante o processo já é o momento de se posicionar. Não é dizer: 'Olha, não grita comigo!'. É falar: 'Eu sempre trabalhei em empresas em que tinha abertura para diálogo, com um clima de muito respeito entre as pessoas e eu prezo esse clima no ambiente de trabalho'. Dessa forma, o profissional já começa a mostrar para o futuro chefe que não vai aceitar determinados tipos de atitudes", afirma Campos, que acredita que esse seja o melhor caminho para iniciar uma relação saudável entre chefe e colaborador.
Para ele, impor limites é realmente o grande segredo para o sucesso da relação chefe-subordinado. "Há anos trabalhando com consultoria, já vi, por várias vezes, o chefe tratando dois subordinados de formas completamente diferentes. Um sabia impor limites na relação e o outro simplesmente aceitava aquela situação insustentável", diz Campos.
Sair é a solução?
Quando o relacionamento se torna insustentável e a empresa não apresenta nenhum posicionamento com relação a isso, mesmo tendo conhecimento de tais atitudes da chefia, não há muito o que fazer. "Você não pode se tornar um escravo do trabalho. Se os valores da empresa não são compatíveis com os seus, é sinal de que é hora de sair, é hora de buscar um novo emprego", diz Campos.
Mendes afirma que desafios vão existir em qualquer empresa, mas é preciso encontrar uma em que você se sinta bem, realizado. "Não somos obrigados a nos sujeitar a todo custo, em qualquer situação. Hoje temos oportunidades diferentes. Claro que vamos encontrar pressão em qualquer empresa, mas há duas maneiras de isso acontecer: o lado positivo e o lado negativo. Pressão que leva ao crescimento é uma coisa, agora pressão que humilha é outra - essa é negativa para qualquer profissional e não deve ser alimentada", afirma Mendes.
Dicas dos consultores
A relação é, sim, delicada. Então, as atitudes também devem ser pensadas e calculadas. Se você passa por uma situação de desconforto com o seu chefe, siga as dicas dos consultores e consiga sair bem dessa situação.
  • · Mantenha a calma e evite ao máximo agir movido pelas emoções do momento;
  • · Seja verdadeiro, não tenha medo de dizer a verdade e impor limites;
  • · Se for preciso, mude. Não se torne refém de um trabalho infeliz. Isso pode trazer problemas no futuro;
  • · Não aja por impulso, pois você pode se arrepender;
  • · Chefes são transitórios. Então, se achar que a empresa vale a pena, espere um pouco mais, tenha calma.

PS - Viviane Macedo escreve, regularmente, artigos para a Catho. Clique aqui para ler o artigo no contexto do site da Catho onde está publicado.

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