Dá para encontrar seu lugar ao sol.
"Em Abril de 1999 eu fui chamado para trabalhar na empresa em que estou. Um ano antes, exatamente, eu havia conhecido o gerente da Qualidade dessa empresa e na época deixei com ele um curriculum. A vaga que existia então foi preenchida por outra pessoa. "Paciência..." – pensei – "fica para uma próxima vez..."
Bem, passado um ano, como disse, recebi um telegrama para participar de uma entrevista com ele, uma nova vaga havia surgido e ele considerou que meu perfil era adequado para o cargo. Quando nos encontramos eu não entendi. O cargo era de Metrologista, função que eu nunca havia exercido, mas ele me afirmou que eu tinha o perfil adequado para o que ele imaginava. Decidi aceitar o desafio.
Logo que iniciei, fui recebido pelo inspetor que cuidava da área, acumulando as funções de Metrologista e Inspetor de Ensaios. Ele me ensinou toda a rotina, me acompanhou durante as primeiras semanas e depois que eu havia absorvido o trabalho do setor comecei a questionar comigo mesmo alguns pontos.
Possuíamos na época um computador no laboratório, para controle dos instrumentos de medição e para executar um tipo de ensaio de força em uma linha de produtos da empresa. Essa parte chega a ser engraçada: este ensaio era executado em uma prensa localizada no galpão da fábrica, na área de END (Ensaios Não Destrutivos). Cada vez que fazíamos o tal ensaio levávamos o computador com mesa e tudo para lá e depois trazíamos de volta!... O controle dos instrumentos era feito à mão, depois atualizado no computador, num sistema comprado pela empresa para essa função mas que não cobria todas as necessidades da área.
Quando comentei com o inspetor que isto precisava ser melhorado a resposta que tive foi: "O pessoal daqui não gosta de mudanças, Ronaldo. Se fosse você, desistia dessas idéias e apenas fazia o serviço como deve ser feito..." (Tá, não foram exatamente essas palavras, mas a mensagem era essa). Eu não me conformava com esses absurdos: um computador que quase nunca era utilizado na Metrologia e um ensaio feito de uma forma que eu tinha certeza de que poderia ser mais prático.
Independente da opinião expressada pelo inspetor, eu procurava descobrir uma outra maneira de executar o ensaio e comecei a desenvolver um sistema de planilhas condizente com as necessidades do setor. Fazia isso no pouco tempo vago, no horário de almoço e às vezes até em casa. Minha insistência nessa idéia acabou por ganhar a antipatia do tal inspetor, a ponto dele discutir comigo, criticar quando me via mexendo no sisteminha e por fim parar de falar comigo. Nos momentos disponíveis ele ficava na sala lendo um jornal ou revista e eu no computador, ambos ignorando um ao outro... Mas finalmente, depois de um bom tempo de trabalho esporádico, o sistema ficou pronto e funcionava.
Como o inspetor não concordava com aquilo, eu fui direto até o gerente da área e mostrei a idéia. Então ele me disse que era exatamente isso que ele esperava quando me contratou: alguém que promovesse mudanças na área. Depois foi a vez de cuidar do vai e vem do computador. Pesquisei e acabei sugerindo a aquisição de uma célula de carga para uso na prensa, que foi aprovada. A partir daí o computador não precisava mais ser levado ao galpão para o tal ensaio... O sistema que desenvolvi permitiu que eu tivesse um maior controle dos períodos de calibração dos instrumentos e mais tempo livre, que utilizei desenvolvendo outras coisas para a parte de administração da qualidade, tendo uma atuação significativa na transição da certificação ISO para a versão 2000.
O resultado foi que acabei sendo promovido a Assistente de Coordenação e recebi um bom aumento. O inspetor continuou sendo o que era, um excelente inspetor de END, até se desligar da empresa.
Hoje alcancei a posição de Coordenador da Garantia da Qualidade (ainda não oficialmente, mas a promoção já está definida pela gerência e deve ser efetivada entre esse mês e o próximo), além de estar cotado para sucessor do gerente da Qualidade. As lições que aprendi nesse processo foram que, quando nos deparamos com um desafio profissional, devemos enfrentá-lo.
Quem nos escolheu para isso está certamente depositando uma grande confiança em nossas mãos e pela sua experiência a escolha não foi leviana, ele certamente nos considera capaz de superar os obstáculos. Empenho e dedicação podem nos trazer boas idéias e resultados excelentes. Não tenha medo de errar, mas seja franco quando acontecer.
Na maioria dos casos esse erro é decorrente do aprendizado e servirá como exemplo futuro até mesmo para você. Caso não tenha uma segunda chance, você já ganhou a experiência, já é um lucro. E principalmente, quando ver que pode melhorar algo em seu trabalho, tome uma atitude pró-ativa. Vai ter alguém que verá isso, pode estar certo. Mesmo que os resultados demorem, tenha paciência e mantenha o empenho que uma hora te será dado o devido valor."
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Sabem quem escreveu este artigo? Foi o Ronaldo Costa, do Qualiblog. A meu convite, pedi-lhe para ~produzir um texto dentro do "padrão" Oficina de Gerência e me presenteou, a mim e aos leitores, com a descrição de um "case" verdadeiro, que aconteceu com ele mesmo. Muitas lições pode ser retiradas da experiência que ele nos descreve.
Creio que, quem estiver interessado, possa pensar sobre a situação vivenciada pelo autor e meditar sobre a questão das mudanças. Fazer uma reflexão sobre as transformações que sejam necessárias no seu ambiente de trabalho, na sua metodologia operacional e, porque não, na sua vida pessoal. O case que o Ronaldo nos traz fala exatamente disso.
PS - Para quem não sabe o Qualiblog já está chegando perto dos 55.000 acessos. È um blog especializado em Qualidade, mas o Ronaldo (clique aqui
para conhecer seu perfil) flexibiliza sua proposta - como todo blogueiro que tem "amor à arte de blogar" - e publica textos e ótimas reportagens que atendem à demanda mais diversa.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.ronaldo.
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