Outra idéia que estou iniciando aqui. Mexendo no meu "baú das preciosidades" achei este livreto que a Revista Você da Editora Abril publicou há algum tempo. Tem exatamente 30 textos (lições) super atuais que abordam temas do mundo corporativo sempre tratados com a prosa leve e o bom humor de Max Gehringer.
Vou publicar todas lições, aqui na Oficina. Tenho certeza de que serão de muita utilidade para os leitores e visitantes do blog. A primeira lição é básica. O que é CEO? Eu mesmo só soube muito tempo depois que a sigla já povoava os livros e artigos de consultores. Creio que muitos outros, também, não terão tido a oportunidade ou a curiosidade de saber. Aqui está. Confiram.
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CEO é "presidente". A gente até podia parar por aqui, mas há algumas curiosidades por trás dessa sigla, formada pelas letras iniciais das palavras “chief executive officer”. Começando pelo "chief" . Isso vem lá do latim, caput, "cabeça", e cada povo adotou uma palavra derivada, com significado parecido, mas não exatamente igual. Em francês "chef" é o cozinheiro-mor. Em italiano, "capo" é alguém que comanda algum negócio mafioso. Em castelhano," jefe" é a mesma coisa que o nosso "chefe", o superior imediato. Mas, em inglês, ninguém diz "the chief" para se referir ao chefe. A última vez que a palavra foi empregada com esse sentido foi no Velho Oeste, nos tempos do Chefe Touro Sentado. Chefe, em empresa, é "boss". E chief nem é um substantivo, é um adjetivo, e significa "principal".
Por que, então, os americanos não usaram a palavra "principal", que existe em inglês? Porque principal, sim, é um substantivo, só que não quer dizer "principal". Quer dizer "diretor de escola". É por coisas assim que a gente apanha tanto do idioma inglês.
Agora o "officer". A palavra se parece demais com offíce, "escritório". Donde vem aquela associação imediata: officer é quem trabalha num office. Não é. Nós só ouvimos essa palavra em filme policial americano, quando o guarda pára um motorista suspeito. Que faz aquela cara de inocente e pergunta: "Qual é o problema, officer? "No antigo latim, officium era "uma tarefa". Qualquer uma, tanto braçal quanto intelectual.
Donde derivou, por exemplo, "oficina" (lugar onde uma tarefa é executada e que em castelhano significa também "escritório", o que faz mais sentido que o nosso "escritório", que limita a definição a "lugar onde se escreve").
Officer foi uma palavra criada na França, há 600 anos, e queria dizer "o responsável pela tarefa". E explica o que o guarda do filme está fazendo no meio da rua, longe do escritório. Então, chief officer é "o principal responsável pela tarefa".
E o "executive"? Essa derivou do francês executeur, "executor". Originalmente, o termo latino — ex-equi — significava "punir", "aplicar uma sentença". Os americanos criaram a palavra executive exatamente para diferenciar o executante da tarefa mental do executor do castigo físico (vulgo carrasco). Mas muito executivo por aí parece que ainda não percebeu essa sutil diferenca...
O CEO é, então, o Principal Responsável pela Execução da Tarefa. Só que, nas megacorporacões, "A Tarefa" envolve centenas de tarefinhas. Então, o CEO vai se tornando mais estratégico (ou seja, passa o tempo jogando golfe com os clientes importantes) e a administração da operação, no dia-a-dia, é repassada para um COO, sendo que o "O" do meio é de "operacional". E tem também o CEO, com "F" de "financeiro"...Não seria de estranhar se essa proliferação de siglas acabasse um dia transformando o subassistente do assessor do superintendente — aquele sujeito que dá palpite em tudo, não entende de nada e só anda de óculos escuros — num CEGO, "chief executive generic officer", o principal responsável pela tarefa de cultivar abobrinhas corporativas. Porque se foi o tempo em que siglas existiam para informar. Hoje, elas são criadas para impressionar.
Por que, então, os americanos não usaram a palavra "principal", que existe em inglês? Porque principal, sim, é um substantivo, só que não quer dizer "principal". Quer dizer "diretor de escola". É por coisas assim que a gente apanha tanto do idioma inglês.
Agora o "officer". A palavra se parece demais com offíce, "escritório". Donde vem aquela associação imediata: officer é quem trabalha num office. Não é. Nós só ouvimos essa palavra em filme policial americano, quando o guarda pára um motorista suspeito. Que faz aquela cara de inocente e pergunta: "Qual é o problema, officer? "No antigo latim, officium era "uma tarefa". Qualquer uma, tanto braçal quanto intelectual.
Donde derivou, por exemplo, "oficina" (lugar onde uma tarefa é executada e que em castelhano significa também "escritório", o que faz mais sentido que o nosso "escritório", que limita a definição a "lugar onde se escreve").
Officer foi uma palavra criada na França, há 600 anos, e queria dizer "o responsável pela tarefa". E explica o que o guarda do filme está fazendo no meio da rua, longe do escritório. Então, chief officer é "o principal responsável pela tarefa".
E o "executive"? Essa derivou do francês executeur, "executor". Originalmente, o termo latino — ex-equi — significava "punir", "aplicar uma sentença". Os americanos criaram a palavra executive exatamente para diferenciar o executante da tarefa mental do executor do castigo físico (vulgo carrasco). Mas muito executivo por aí parece que ainda não percebeu essa sutil diferenca...
O CEO é, então, o Principal Responsável pela Execução da Tarefa. Só que, nas megacorporacões, "A Tarefa" envolve centenas de tarefinhas. Então, o CEO vai se tornando mais estratégico (ou seja, passa o tempo jogando golfe com os clientes importantes) e a administração da operação, no dia-a-dia, é repassada para um COO, sendo que o "O" do meio é de "operacional". E tem também o CEO, com "F" de "financeiro"...Não seria de estranhar se essa proliferação de siglas acabasse um dia transformando o subassistente do assessor do superintendente — aquele sujeito que dá palpite em tudo, não entende de nada e só anda de óculos escuros — num CEGO, "chief executive generic officer", o principal responsável pela tarefa de cultivar abobrinhas corporativas. Porque se foi o tempo em que siglas existiam para informar. Hoje, elas são criadas para impressionar.
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