Não estava planejado para, no blog, voltar a tocar no assunto da invasão da reitoria da UnB pelos seus alunos.
Já fiz um post [Estudantes da UnB que expulsaram o reitor, tiram nota 10...] elogiando o movimento do jovens e ficaria por aqui.
Como tenho reiteradas vezes afirmado, procuro escapar de argumentos que possam ser entendidos como políticos-partidários e a invasão da UnB, de certa forma, está tomando um rumo politizado.
Entretanto, a recusa dos estudantes em sair da reitoria após as renúncias do Reitor e do vice, nos remete à reflexão de temas gerenciais. Quais? Estará me perguntando o leitor. E vou responder.
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. .......... A mobilização espontânea dos alunos ganhou a simpatia geral porque era justa (renúncia de um reitor envolvido em processos por improbidade) e veio ao encontro dos anseios de todos.
.......... Promover "cruzadas morais" é sempre simpático sob o ponto de vista da sociedade como um todo. Ainda mais se levada a cabo por jovens idealistas. Foi o que aconteceu na UnB. Os estudantes conseguiram promover, com seus atos, algo impensável: a renúncia do reitor e do vice. Um desmonte da direção da universidade.
.......... Não é pouco no Brasil de hoje. Veja-se que em São Paulo os estudantes da USP fizeram aquela bagunça toda e não conseguiram praticamente nada exceto um enoorme desgaste com suas atitudes de vandalismo e anarquia.
.......... Agora, que o reitor saiu os estudantes querem impor toda uma pauta de pretensões para encerrar o movimento. Sabe o que vai acontecer? Vão perder a parada. A simpatia da sociedade vai acabar e eles, ao invés de plenamente vitoriosos, vão sair com meia vitória. Tudo porque está faltando liderança, com maturidade, e estrategistas para avaliar corretamente a situação. Pensar horizontalmente e não só na vertical.
.......... Assim, também, ocorre no, nosso, mundo corporativo. Muitas vezes entramos em algumas situações de perigo em projetos profissionais. Assumimos riscos calculados na aposta por um "up-grade" na carreira ou por uma etapa que pode ser "queimada" no planejamento da carreira. A grande interrogação é até que ponto devemos "esticar a corda" e avançar na ousadia? Este limite poderá determinar grandes triunfos ou fragorosas derrotas em nossas apostas de ousadia.
.......... Acho, que no caso dos jovens da UnB eles estão "esticando a corda" além do ponto. Se não souberem recuar e negociar de forma menos radical vão perder e principalmente passar a impressão de absoluto despreparo para conduzir seus protestos (estão indo muito bem até agora...). Se isto acontecer a credibilidade conquistada será tremendamente desgastada.
.......... Se insistirem em querer "administrar" a UnB vão se perder e as autoridades se sentirão fortalecidas - pelo radicalismo sem sentido dos estudantes e pela consequente perda de apoio da opinião pública - para reprimir o movimento. Espero, pelo bem de tudo que eles já conquistaram até agora, que suas lideranças abandonem a "marcha da insensatez" que já começaram a percorrer e aproveitem a oportunidade para crescer individualmente e fazer crescer o movimento estudantil que eles, em boa hora, ressuscitaram.
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É Herbert, isso me faz lembrar de outro episódio... Lembra do início do movimento dos "Sem Terras"? Eles tinham apoio da opinião pública e as pessoas achavam certo todo o movimento e reivindicações, estavam até conseguindo alguns benefícios e cessões de terras por parte das autoridades... O que aconteceu? O movimento se perdeu por falta de liderança. Hoje são vistos como vandalos que roubam terras alheias... Espero que isto não se repita com os jovens da Unb. Falta de liderança total e completa não é bom... Parabéns pelo artigo. Tudo a ver com o seu tema proposto. Ótimo exemplo! Boa semana para você!
ResponderExcluirLady Jaqueline,
ResponderExcluirQue bom tê-la de volta, Eu também gostei do texto. O seu exemplo do MST é perfeito. Foi exatamente o que aconteceu. O pior é quando surgem os "falsos líderes". Estes sim, são nocivos. Falarei deles oportunamente no blog. Conheci vários e existem muitos - homens públicos inclusive - falsos líderes zanzando entre nós. Tomara que essa turma da UnB tenha juízo e entenda que o ganho com a saída do reitor já foi fantástico, inédito. O resto é troco. Não vale o desgaste. Eles já deviam ter saído da reitoria rufando os tambores. Mas são jovens e ainda vão aprender.
Brigaduu pela força, madrinha. Até breve.
talvez por serem jovens, tenham logrado o intento (que parecia difícil) de destituir o reitor (e o vice!)... tbém por serem jovens, estão testando seus próprios limites. (marco)
ResponderExcluirCaro Marco,
ResponderExcluirCertamente, tiveram exito por serem jovens. Me lembram daquela famosa frase "Não sabia que era impossível foi lá e fez" (não localizei o autor). É exatamente isso que me fascinou no episódio. Visivelmente eles entraram na parada sem esperar o que conseguiram. Era "impossível". De repente aconteceu. E agora? Gostei do conceito de "testar os limites" e concordo. Por esse ângulo o posicionamento deles é coerente, mas vale o alerta, cuidado com o ponto de ruptura para não se transformar em um "tudo ou nada". Grande abraço e volte sempre.
não falei? http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac158063,0.htm (marco)
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