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Para os "jovens" da minha geração o desaparecimento de Charlton Heston representa, também, a morte de um tempo, de um momento em nossas vidas. É como se o destino deletasse um pedacinho de alguns dos bons anos que vivemos.
Acho que assisti a todos os grandes filmes de Heston. E não só eu, mas todos da minha geração e da geração antes dela.
Se havia um artista amado pelo seu público, era ele. Ninguém queria saber se era ou não um bom ator. Até dizem que não era. Não interessava. Filme com Charlton Heston? Estávamos lá. Se naquela época existisse a gíria de hoje, se diria que "ele era o cara"...
Penso que todas as vezes ao morrer um dos grandes artistas da humanidade uma luzinha, que existe na vida das pessoas que os admiravam, se apaga. É assim que me sinto. Foi assim que me senti quando morreram artistas como Tom Jobim, Grande Otelo, John Lenon, Elvis e tantos outros. Ás vezes uma nova luzinha se acende quando começamos a acompanhar a trajetória de novos artistas, mas aquele que morreu a gente não esquece.
Procurei um texto que pudesse exprimir este sentimento e por sorte (e felicidade) achei o artigo abaixo do jornalista Paulo Moreira Leite* do Portal Ig. Se você é da geração na qual Heston brilhou, leia o texto e navegue nas boas memórias. Se não foi da minha geração, leia também e descubra como era bom viver naqueles tempos...
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O mundo de Charlton Heston
"Era bom viver no universo de Charlton Heston. Eu tinha menos de dez anos quando assisti a Ben Hur.
O filme tinha cenas que provocavam medo, daqueles de tapar os olhos com as mãos. Mas também exibia a célebre corrida de bigas, velozes e barulhentas.(Pais e professores cismavam que o nome certo seria quadrigas, já que eram formadas por quatro corcéis maravilhosos).
Como é possível esquecer tudo isso?
O cinema daquele tempo era o espelho de um mundo que queria dar a impressão de que vivemos num mundo organizado pela razão e pela ordem, a partir de valores sólidos e uma idéia clara de progresso. A realidade não era nada disso. Nada parecia provisório nem descartável.
Os personagens daquele cinema não eram tipos inseguros, no centro de um roteiro de passagens sem nexo e final ambíguo. Os filmes tinham o direito de contar mais uma vez a história da humanidade em apenas duas horas. O final era sempre feliz e quase sempre edificante.
Vivia-se a Guerra Fria. Hollywood queria ajudar a cimentar consensos, produzia histórias que eram exemplos para se contar aos filhos, os heróis pareciam pessoas de verdade.
Pensava-se que a vida era mesmo asssim.
Em 60 anos de carreira, Charlton Heston encarnou o início, apogeu e queda deste cinema. Antes de Ben Hur, foi Moisés nos anos 50. Uma década depois, em 1968, anunciou os novos tempos como protagonista de O Planeta dos Macacos, um dos primeiros e mais surpreendentes filmes a sustentar a idéia de que a passagem do homem sobre a Terra pode ser definida como um fiasco. Em 1975, fez Aeroporto, o início do cinema-catástrofe.
Com o passar dos anos, sua carreira de ator ficou escondida por sua atividade política, como cabo-eleitoral do Partido Republicano e lobista da industria de armas americana. O cinema e a política perderam.
Rosto de um mundo que não existe mais, Charlton Heston foi estrela de um cinema que tinha alguma coisa de templo, tamanha a reverência merecida por aqueles homens e mulheres que apareciam na tela depois que as luzes se apagavam. Vi Ben Hur no Cine Metro, na avenida São João, em São Paulo, então um local nobre da cidade que hoje é ocupado por famílias de trabalhadores pobres em convívio forçado com dependentes químicos, traficantes e pequenos bandidos de todas especialidades. São outros tempos – e não só para o cinema."
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*Paulo Moreira Leite é jornalista, repórter especial do iG. Foi correspondente em Paris e em Washington, diretor de redação da Epoca, redator chefe da VEJA e diretor de redação do Diário de São Paulo. Entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2008, foi vice-presidente da Imprensa Oficial do Estado de S. Paulo. Iniciou a carreira no Jornal da Tarde e foi repórter especial do Estado de S. Paulo. Se preferir leia o artigo diretamente no site clicando neste ponto
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Não curto filmes temáticos do tipo, mas lembro ter assistido a Ben Hur e fiquei impressionado com a fotografia do filme e as cenas das corridas de cavalos, pois sou apaixonado por eles.
ResponderExcluir... e a corrida às armas, segundo o apóstolo Charton Heston? :)
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